Retrato dos defeitos

Olhos fundidos com os céus,
perdidos por entre castanhos véus,
afogueados por palavreados eloquentes.

Lábios desejosos de abolir éticas,
tecelãos de merdas pseudo-poéticas,
viciados nos seus róseos semelhantes.

Mãos eternamente aventureiras,
que repudiam quaisquer pilas alheias,
enlouquecidas pela ânsia de ser amantes.

Nariz indiferente a qualquer pudor,
lascivo e curioso face a todo o novo odor,
radar activo e omnisciente.

Ouvidos de selectividade (in)desejada,
promíscuos cúmplices de arte roubada,
por novos êxtases nunca relutantes.

Sensível cria do crepúsculo dourado,
efémero sonho para o futuro acordado.
Coisa mortal que teme o Adeus,
o vosso amante, o vosso falso deus.