As pessoas dançam, sempre bonitas
Sempre brilhantes e bem vestidas,
Sentem-se usando as mãos, apenas,
E fingem com esse toque sentir-se pequenas
A música inebria, convincente,
Num tom sempre feliz e algo aparente,
Quando uma nota falha, o público nem sente
A letra dita o coração e abafa a mente.
Rodopiam as pessoas, tão bonitas
E trocam entre si, sempre perfeitas
Uma tropeça; está cansada
Caem-lhe vinte em cima; uma maçada
Dançam e calcam com um sorriso,
Elogiam e atropelam o amado vizinho,
Rasgam vestidos sem ninguém ver
vestem o cadáver de quem quer viver
Dançamos todos ao som desta música
Dirigida por um grandioso maestro invisível
Masturbador dos sonhos de uma banda submissa
A vida promete-nos pés cansados