Tuesday, August 29, 2006

Recordações

Uma pose para uma objectiva que não a minha. No entanto, como poderia o meu indicador evitar capturar um fragmento, simultaneamente insignificante e esmagador, destes dois magnifícos seres?
Aproveito agora para dilacerar maniacamente a minha alma com recordações efémeras do demasiadamente curto espaço de tempo passado por entre lonas e terras, areias e mares, homens e mulheres, noites e dias, enfim, num sonho verónico.
Ana pincexa, porque quebraste as tuas algemas de timidez e falaste comigo tão abertamente, me abraçaste em momentos de frio físico e não só, abriste um sorriso na minha boca com uma frequência tão grande que mais valia mencionar os breves instantes em que não me sentia feliz, mesmo com a tua presença. Um obrigado do fundo do coração, e um pedido de desculpas por esta esfarrapada síntese que mais parece um prólogo amador de uma amizade ansiosa pelo equinócio primaveril.
Wil, bethesda, porque mais uma vez me mostraste que eu nunca reparo verdadeiramente nas setas no meu coração, não as primeiras. Só as minhas acções idiotas, as minhas incitações a jogos, banhos, simples conversas, me levaram a compreender que já estava a ser embrulhado numa brincadeira de semântica camuflada, onde os olhares fugiam quando podiam não o fazer, e se encontravam quando tal era improvável (terás reparado nisso, ou será mais uma tese miranbolante da minha mente?).

Assim me despeço, com mais sentimentos condimentados pela verdade do meu "eu" sentimental e estúpido. Obrigado pela vossa eterna paciência e compreensão, meus adorados amigos e leitores *****

Monday, August 28, 2006

Olhares...

Inocência. Talvez o meu maior defeito. E não me refiro ao lado sexual do meu ser, lado esse que, de como qualquer outro, dissimula por entre sombras e cantos inacessíveis estranhos desejos carnais. Refiro-me à forma como ignorantemente me deixo arrebatar por sentimentos dolorosos e desejosos de satisfação, que apunhalam e sangram macabramente o meu coração, como que num desejo sádico de o esvaziar e secar. Refiro-me à forma como as cruéis musas me arrastam para paixões que, mesmo concretizadas, me serão penosas e assassinas. Refiro-me aos símbolos escondidos, ao às de espadas na tua mão, eu, que me levou a acreditar em tretas como destino, felicidade e almas gémeas.

E que me dizem esses teus cambiantes olhos, castanhos, verdes, enfim, belos e cativantes, fatais para quem os saiba ver? Não o sei dizer, não de uma forma crua e isenta desta minha subjectividade militante, que me aterrorizou quando não era necessário. Mas creio que tu, na tua perfeição, poderás ter sentido um fraco sopro no teu coração, enquanto eu expirava a minha admiração tímida. Creio que sentimos ambos uma mútua hesitação quando as nossas peles, bloqueadas por finas camadas de linho, se juntaram para dançar, sempre com terceiros por perto. Mas juro que nada me deu mais prazer do que ser arrastado por ti para a longa fila de cancan ao som dessa bela lírica: "I Will Survive".

Quase morri com o abraço que não demos, à medida que o fim dos encontros entre os nossos olhos se aproximava. Quase dei voz à minha aflição e necessidade quando as nossas mãos se apertaram de uma forma tão simples e morta que mais valia não o termos feito. Mas não há nada a fazer, pois não?

O teclado preto e limpo do meu computador guiar-me-à quando as nossas palavras se estatelarem neste ecrã. O meu coração espalmar-se-à contra as minhas costas enquanto eu (des)espero pela tua resposta...

...mas nenhuma resposta será boa o suficiente, pois não?

Monday, August 07, 2006

One Last Kiss

Rain
When did it start, I wonder?
Pain
When did I cut, I wonder?
Slain
When did it take me, I wonder?
Rain
When will it end, I wonder?


Light travels through the darkened skies, revealing upheaval. Water pours like a never-ending cascade of suffering, as if the angels were sympathetic with this moment. My last moment.

These eyes of mine mimic the crying heavens, as I scream my despair before his resting place. I shall rest with you, soon enough.

Thunder roars, shaking the earth. I shiver, on my knees, covered in mud, water and blood. Does it really matter now?

Silence
When did you depart, I wonder?
Blurriness
When did I fall, I wonder?
Breathless
How much longer, I wonder?
Cold
When will your arms find me, I wonder?


Desperation had already taken me; the heavenly light illuminates the blade that travelled down my shaking arms. Shameful, how I cowered like this. How I gave in. How I’ll step out.
My knees fail me just as I catch a glimpse of that angel of yours, above the tomb. Was he smiling, or are my eyes betraying me? How much longer? Dirt embraces my shaved face; the way you used to like. My hiccoughs join the sky-born farewell. My open eyes are blind. My tongue is dead. My ears are deaf. My nose stopped. My body is motionless.

Arms
Are you there, I wonder?
Torso
Am I ready, I wonder?
Lips
They still love me, I wonder?
Death

A agulha atravessa o tecido mole, o músculo sangrento. Ainda bate, não é? Não há mal em cozer o que ainda pode sobreviver.

Que cicatrizes irão marcar o meu coração?, pergunto-me eu. O sangue ainda atravessa o corte profundo, a ferida cauterizante que o teu silêncio abriu. Mas, agora, percebo que de nada valeu tudo. De nada, mesmo. E sou eu que cozo o corte, pois é algo que mais ninguém pode fazer por mim...a menos que me pudessem ajudar a atemorizar a minha mão, que ainda treme.

Quanto ao outro arranhão, de nada vale cozer; sarará sozinho. Só me saem "énes", não é? Sou um triste, por vezes...cego, surdo, mudo, lento, e estúpido de mais para perceber o que devo quando devo...talvez isso explique o "t". Não que esteja arrependido dele, simplesmente podia ter corrido muito mal para mim...

Enfim, já todos sabem que eu sou manipulável. E já todos sabem que, por muito que me queiram ajudar, recuso que me ajudem com a agulha e a linha. It's my mess, it's my problem.

Beijos e abraços, whichever suits you most...

Wednesday, August 02, 2006

Torturas

Ternos e castanhos. Simultaneamente tristes e sorridentes. Pensativos. Magoados. Olhos, não meus; teus.

Recordo cada vez que ambos se encontraram no tempo; momentos tão simples e efémeros que até custa acreditar que os consigo relembrar. E tu, lembras-te? Ou conseguiste apagar tudo, da mesma forma com que desesperadamente me tentas apagar a mim, como se houvesse alguma tecla de "delete" no cérebro à qual, de nós os dois, só tu tens acesso.

É fascinante, como as coisas acontecem, não é? Obtive a minha confirmação pessoal recentemente, quando vi nos olhos de uma rapariga aquilo que via nos teus. Não era para mim, claro, mas para outra pessoa que ela amava. Um espelho tão perfeito que podia perfeitamente ver-te no lugar dela. De certa forma, até te vi.

E porque me torturo eu com estes pensamentos deprimentes quando insistes em ser inacessível? Não sei...estupidez, talvez. Já me disseram tantas vezes que não me mereces que eu quase consigo acreditar. Mas, no fundo, eu não quero saber. Tudo o que quero és tu, e que se fodam os clichés românticos que estou para aqui a vomitar. Amo-te, e tu, na tua infinita indecente perfeição, nem que não me amas dizes. Tudo o que recebo de ti é belo e polido nada.

Enfim...