Cólera
...e eu grito de raiva porque a mudança é uma promessa tão falsa quanto aquela que o novo ano diz trazer; fácil e falaciosa, como sempre, um sopro que apela à esperança. E eu, tolo e inocente como não me julgam, sigo o doce odor de uma espécie de ninfa, um licor que inebria e cura.
Claro que o preço é sempre o mesmo; uma cura por uma chaga. E, obviamente, so much pain drives a man under a train. Assim é mais bonito: as curas começam a ser gradualmente menos eficazes, e as chagas sempre dolorosas e fundas, pelo que o sangue acaba por jorrar de diferentes fontes e com diferentes intensidades. No fundo, a pessoa transforma-se num altar de marfim maculado pelo vermelho, à vista de todos e a todos disponível para alterar.
Obrigado, doces bichas, eternamente esporradas, por me relembrarem o quanto eu vos desejo mortas no chão dos vossos haréms, com o vosso sangue branco de tanto engolirem, alguns de vós brindando o mundo dos vivos com herpes e sífilis e sida e outras ISTs maravilhosas e de manifestação diversa. Obrigado pelo toque efémero de lábios e troca rápida de língua, espero bem ter evitado qualquer doença embaraçosa ou embaraçante (ensinem-me lá o vosso português visceral, que eu nem o meu sei). Talvez o álcool no meu sangue tenha purificado a vossa promessa de pilas. Razias extenuantes são tudo o que eu desejo.
Deixem chorar quem sente. Deve ser essa a minha maldição; sentir por vocês tudo o que não envolve ânus a tragar um pénis lubrificado e, esperemos, protegido por um preservativo ou engolir até ao esófago esses orgãos sexuais masculinos, capacidade essa trazida quer por deus, quer por horas de treino com bananas ou outros phalos.
Deixem-me em paz. Tiros nos vossos cornos, que vocês transmitem entre vós como quem come bacalhau na consoada.