Thursday, February 28, 2008

Sete

permite-me ceder a este breve impulso
tão breve é que breve já se foi
soou a suspiro raivoso
soou a beijo sanguinário
soou a vítima de raiva animal

deixa-me acorrer a este súbito desejo
é súbito e efémero, como nós
engulo e devoro porque posso
engulo e devoro e não preciso
sei que tenho o vazio em mim

vê agora como me perco na minha imagem
deleita-te com a beleza deste ser oco que sou
antes que eu te destrua pelo ser feio que és
pelo paraíso que encarceras em tão terrível carcaça

respira comigo, agora
com a minha carne poderosa a sentir-se na tua
quem tu és não interessa
quem tu pensas ser é irrelevante
satisfaz-me no suor das horas cegas sem significado

deixa-me agora, corre antes que te corra
de mim nada levarás, pois nada te quero poder dar
o que é meu é meu, ganhei-o só por ser
não por fazer,
jamais por me mexer

permite-me ceder ao impulso de impuro viver

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Sunday, February 17, 2008

Ter-me-ias tirado a phobia, disseste tu

 Tenho continuado a pensar nele; claro que a presença ajuda.

 Não sei se o que ele escreve são provocações indecentes, falas inocentes ou uma espécie de teste, de necessidade de confirmação.

 Não sei. Sei que...hum...ó, nomes falados, e eu nunca os falo...percebem? Aliás, nunca houve nome algum antes...

 Espero não voltar a sorrir quando penso nele, como antes das palavras duras. Ele é lindo. Enfim

 E continuo a pensar na morte; curiosamente, um pensamento leva ao outro, mas não ele à morte, e sim vice-versa.

 Gosto tanto dele. É ridículo. Quero-o como quis o coelho, excepto que ele me ilude com uma distância que não é real. Ou é?

 Gosto tanto dele. AH! "NAUNHE!" "SINHE!"

 Meu Deus           .

Wednesday, February 13, 2008

Desabafo

  Ultimamente, tenho andado à volta do mesmo. Imaginem uma enorme circunferência, lentamente percorrido, com pontas coloridas tocando a sua superfície de vez em quando. Eu circulo nesse círculo. As pontas são pontas, não sei.

 O ponto é, ou será: volto sempre ao mesmo. Ultimamente tem-me ocorrido que não estou apaixonado por ele: tudo bem que penso montes de vezes nele, mas não sinto aquele rush of blood to the head que se costuma sentir (talvez esteja a pensar mal, mas pronto). Basicamente, não é o mesmo rush que antes. Também não pode ser amor, porque o amor precisa de mais, e seria mais forte.

 O que será isto, então, que me faz pensar tanto nele? O que será que me "pica" tanto que não consegui registar o "não" e seguir em frente? Não sei. Meu Deus.

 O círculo não é um círculo, é um quadrado. Em terceira mão. Quase. Humpf.

 Enfim, acho que perdi o rush com a recusa. Lembro-me da cólera, da frustração, e de chorar no meio da rua. Que bom. 

 Já chega. Perdoem-me.

Thursday, February 07, 2008

Simplicidade

 O tronco cresce, firme e forte
 O ramo prolonga-se, preguiçoso e vivo
 A flor brota, pura e melancólica
 O fruto nasce, simples e suculento

 Que nos pede a Natureza
 Senão o tempo para poder ser?
 Que nos pede a Mãe Terra
 Senão a paz anterior ao nascer?

 É disto que vem o Amor mais forte
 Aquele que a mente não contamina
 Aquele que se mantém imune ao pensamento

 Por isso o abraço foi recordado
 Não ficou na memória;
 Antes no coração encaixilhado